quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Tantas denominações...


   Uma música bem conhecida do Fruto Sagrado com o PG (O Novo Mandamento) começa com a seguinte letra: “Não entendo porque de tanta denominação”. E este presente post vai explicar pra vocês que não entenderam um (talvez o principal) motivo de “tanto nome de igreja”.
   Para entendermos esse motivo, devemos entender o que vamos chamar de Doutrinas Inegociáveis da Fé, e de Doutrinas Negociáveis. Talvez os termos não sejam os mais precisos, mas não quero quebrar a cabeça com nomes, contando que vocês entendam o significado do que vem a ser cada um.
   Por Doutrinas Inegociáveis da Fé (DIF) entendemos como aquelas doutrinas que são essências, que se retiradas comprometem totalmente a fé. Lembrando um pouco Aristóteles e sua explicação sobre elementos essenciais do ente e elementos acidentais, temos como elementos essenciais aqueles que se retirados desconfiguram o ser. Como exemplo, temos o triângulo, e um dos elementos essenciais é que ele tem três lados. Se retirarmos essa característica dele, ele não será mais um triângulo. Com as DIF acontece a mesma coisa. Se retiradas as doutrinas essenciais, não falamos mais em cristianismo, mas em qualquer outra coisa, e bem sabemos que “qualquer outra coisa” não é uma fé salvadora. Como exemplos de uma fé salvadora, viva, temos como elementos essenciais a encarnação de Jesus, a deidade de Cristo (totalmente homem, totalmente Deus) na encarnação, a ressurreição de Jesus, a triunidade de Deus, a onipotência de Deus, a revelação de Deus nas escrituras, entre outros. O que quero que percebam é que se retirarmos alguns desses elementos, não temos mais Cristianismo.
   Por outro lado, temos as Doutrinas Negociáveis (DN). Por negociáveis não entendam como mercancia de doutrina! Nem que não exista uma verdade sobre elas. Mas que se posicionar de forma equivocada sobre elas não desconfigura o Cristianismo. Para facilitar a compreensão, vamos voltar a Aristóteles. Já falamos dos elementos essenciais. Vamos agora aos elementos acidentais do ente. Um triângulo, desde que tenha três lados, a soma dos ângulos internos seja 180º, pode ainda sim ser diferente de outro triângulo quanto a cor das linhas, ao tamanho dos lados, se é isósceles etc. Enfim, essas características que não desfiguram o ente, mas diferencia o ente de outro com as mesmas características essenciais,  são os elementos acidentais. No cristianismo encontramos muitos desses elementos em particulares entendimentos, mas que não comprometem a fé da pessoa. Como exemplo tem o batismo. Alguns acham que é por aspersão, outros por imersão. Entretanto, essa convicção não compromete que os dois concordam com o sacramento e seu significado.
   Respondendo à dúvida levantada pela música temos uma explicação racional. Acontece que a divergência nos elementos acidentais acaba por gerar essa “divisão” de entendimento. E essa divisão acaba por gerar grupos que querem sinceramente servir ao Senhor, cada um segundo seu entendimento. Daí um possível e razoável motivo pra muitas denominações.
   É preciso, entretanto, fazer algumas ressalvas quanto a essa conclusão. I) nem toda “denominação” é de fato uma denominação, por falharem em pontos essenciais. Esse entendimento facilita muito compreender o que é uma seita. É uma pretensa denominação que falha nas DIF, e, portanto não pertence ao corpo de Cristo. II) a divisão deve ser apenas quanto ao modo de servir, não podendo criar divisão no corpo, a ponto de um Batista não considerar um Presbiteriano um irmão. Devem se considerar, mutuamente, como irmãos em Cristo. III) as DN ainda sim são doutrinas bíblicas, e por isso merecem atenção, debates e busca pela verdade.  O que não pode acontecer é deixar essas divergências doutrinárias gerarem brigas, inimizades. IV) e talvez mais importante, é que essa divisão deve desaparecer cada vez mais nos corações dos irmãos que compreendem verdades sobre as DN. Devem ser minimizadas. Cabe a todos nós lutarmos pela unidade no corpo, e estudar, debater e difundir a verdade sobre tais doutrinas negociáveis é dever de todos nós que amamos o Senhor e seu reino.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Regras para um bom debate

   Recentemente tivemos um tema importante debatido entre amigos da igreja em uma programação. Enfim, eu juntei uma parte do livro do Norm Geisler e Frank Turek e acrescentei algumas considerações que julgo serem importantes sobre os debatedores. É importante ter em mente essas regras não só para debates formais, mas para qualquer conversa em que posições diferente são defendidas. 

*Seguem-se algumas lições do Doutor Norm Geisler sobre a verdade:
·“A verdade é descoberta, e não inventada. Ela existe independentemente do conhecimento que uma pessoa tenha dela (a lei da gravidade existia antes de Newton).
·A verdade é transcultural. Se alguma coisa é verdadeira, então ela é verdadeira para todas as pessoas, em todos os lugares, em todas as épocas (2 + 2 = 4 para todo o mundo, em todo lugar, o tempo todo).
·A verdade é imutável, embora as nossas crenças sobre a verdade possam mudar (quando começamos a acreditar que a Terra era redonda, em vez de plana, a verdade sobre a Terra não mudou; o que mudou foi nossa crença sobre a forma da Terra).
·As crenças não podem mudar um fato, não importa com que seriedade elas sejam esposadas (alguém pode sinceramente acreditar que o mundo é plano, mas isso faz apenas a pessoa estar sinceramente errada).
·A verdade não é afetada pela atitude de quem a professa (uma pessoa arrogante não torna falsa a verdade que ela professa. Uma pessoa humilde não faz o erro que ela professa transformar-se em verdade).
·Todas as verdades são verdades absolutas. Até mesmo as verdades que parecem ser relativas são realmente absolutas (e.g., a afirmação "Eu, Frank Tutek, senti calor no dia 20 de novembro de 2003"[1] aparentemente é uma verdade relativa, mas é realmente absoluta para todo o mundo, em todos os lugares, que Frank Turek teve a sensação de calor naquele dia).”¹
*Temos então algumas considerações sobre os debatedores:
         * É preciso que se mantenha o foco no que se quer defender. Para isso, é de suma importância a definição semântica dos termos discutidos, para não acontecer de estarem defendendo a mesma ideia (proposição), com termos diferentes. Em resumo, é importante determinar e delimitar o que se defende.
                   *A delimitação vai dizer o que não se pretende defender, enquando a determinação diz o que se pretende.
         * Antes de partir pra um outro ponto é preciso fechar ponto a ponto. É vetado o famoso “ataque em bando”. Ataque em bando é a situação em que um dos debatedores apontam mais de um ponto suscetíveis de discussão em um só argumento. Esse tipo de argumentação parece ter finalidade de vencer por exaustão o adversário.
         *Deve-se levar em consideração que não responder um ponto não implica necessariamente em descrédito de todos os outros argumentos do outro debatedor, a não ser que esse ponto seja crucial para toda a argumentação. (Ex: não é possível continuar um debate sobre o que é moral e o que não é, se um dos debatedores não consegue provar a existência da moral).
         *Deve-se levar em consideração a possível dialética. Isso é, se A se posiciona com argumentos X e B se posiciona com argumentos Y, talvez pode-se aproveitar tanto de X quanto de Y, tendo um resultado Z, que elimina os pontos fracos dos argumentos de A e B, e conciliam os pontos aproveitáveis. Essa situação é bem difícil de acontecer, e exige sinceridade e sabedoria dos debatedores.
Enfim, irmãos, espero que o debate seja extremamente proveitoso pra todos. Leiam essas regras mais de uma vez, se preciso. Serão importante não só pra esse debate, mas pra vida toda. 

Lembrem-se de que nós, cristãos, não precisamos temer entrar em nenhum debate. A verdade sempre venceu, e esteve ao nosso lado. Então você só vai perder se estiver mal preparado. E nenhuma verdade é anti-bíblica. Pelo contrário. Se uma verdade filosófica está em desacordo com a bíblia, então ou é uma mentira, ou sua interpretação bíblica está errada. Temos visto isso na história da igreja. Portanto, por Cristo e seu reino, dediquem-se em guerrear pela Verdade! 

1 – Não tenho fé suficiente para ser ateu, GEISLER, Norman & TUREK, Frank (não sei a página não ehaehaehe, mas está no capítulo 1)