sábado, 7 de janeiro de 2012

Melhores, Piores ou Diferentes?

Intro – Teologia Popular 

   Em muitos lugares a teologia de buteco (a teologia de “achismos”, sem rigor teológico, pesquisa) vem tomando lugar nos pensamentos dos crentes. Muitos crentes sinceros acabam errando, comprometendo sua conduta e testemunho por conhecerem, mas conhecerem de um conhecimento errado. É isso que a teologia de buteco, teologia popular representa. O termo é meramente didático, pois neste artigo trataremos de mais uma “doutrina” da teologia que não é teologia.

“Não somos melhores que os do mundo”.

   Quem nunca ouviu isso: “Você por estar na igreja, não é melhor que as pessoas do mundo.”? Mas que consideração piedosa, não é mesmo? Que humildade, que pessoa conhecedora da palavra em falar isso, não é mesmo? Não tão depressa.
Aos convertidos que estão lendo esse post, provavelmente já se sentiram incomodados com a pretensa doutrina. Uma vez que eles veem em si uma diferença absurda das pessoas lá fora. Não que estes regenerados não pequem mais. Mas eles odeiam o pecado, lutam contra ele, enfim, porque já experimentaram: E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:2).
   Existe uma diferença cabal. Antes de me converter, o evangelho veio até mim por sábios mestres (pacientes também, por aguentar eu e meu irmão brigando em plena escola dominical) da Primeira Igreja Batista de Patrocínio. Eu era um adolescente, e na sala onde a palavra era ministrada a nós, dentre muitas boas coisas que aprendemos, hoje vejo que existia um erro pintado em letras garrafais na parede. Dizia: “Nem os melhores, nem os piores, mas diferentes.” Essa frase pode fazer sentido em alguns contextos. Vou citar alguns. Alguém já te perguntou se você prefere uma série no lugar da outra, e você não soube responder, pois uma é de drama, a outra é de ação? Ou alguém já tentou comparar um atacante a um lateral, e você disse: “Pô, mas são posições diferentes.”? Então, estamos tratando de coisas diferentes, e a resposta da parede da escola dominical poderia responder a estas perguntas. Mas quando se trata de comportamento, de moralidade, de conduta, não estamos mais falando de coisas diferentes. De pessoas diferentes, mas a diferença, quando tratada do mesmo assunto, ou é pra melhor, ou pra pior, pois o objeto é o mesmo, é comum.
   Observe o texto:
Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus. (Mateus 5:20)
   Os fariseus davam esmolas extravagantes, oravam nas praças, e eram tidos como homens de Deus (alguns acabaram sendo). Eram tidos como justos, e até recebiam títulos por isso. Mas o texto supracitado foi falado por Jesus, no contexto em que ele endossa o Antigo Testamento, e o cumprimento dos mandamentos.
   Caso não tenha ficado claro pra você até agora, se você fosse até Jesus e comentasse sobre essa doutrina que você sabiamente compreendeu nas escrituras, dizendo: “Eu entendi, Mestre. Não sou nem melhor, nem pior que essas pessoas que estão por aí, perdidas sem te conhecer.”, imagino que Jesus gentilmente diria: “Tem certeza de que me conhece?”
   Aquele que conhece Jesus, e é transformado pelo poder do evangelho, se torna uma pessoa boa, melhor, moralmente falando. Não estamos falando de melhor jogador de futebol. Mas como Jesus tratou de mandamentos, estamos falando de moralidade. O pior dentre os cristãos é melhor que o mundo inteiro em caridade.
   Agora é a hora em que você pensa: “Peraí, mas e o tanto de pessoas boas que eu conheço, que nem se quer tem vida com Deus? Alguns até são ateus.”. E é exatamente nessa hora que peço que leia o famoso texto: Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
(1 Coríntios 13:1-3)
. E agora eu quero te falar uma coisa. Amor verdadeiro, altruísta, aquele que quer dar sem receber nada em troca, a não ser, talvez, a satisfação do próximo, do alvo das atitudes, só tem quem é Cristão. Alguns fazem o bem para desencargo de consciência, para diminuir o tempo no purgatório, para reencarnar numa vida melhor, para ir pro céu, mas o cristão convertido é impelido a fazer por amor. Nem sempre isso acontece. Mas acontece com, e somente com o cristão.
  
Considerações finais

   Se você já se converteu e fala essa bobeira, para, cara! Ou você não consegue ver o que o evangelho fez por você? O evangelho te melhorou e ainda vai te melhorar (Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo - Filipenses 1:6).
    Se você viajou ao ler esse texto e pensa: “de fato, eu sou igual aos que estão lá fora, e isso não fez sentido pra mim, mesmo eu estando na igreja e acreditando em Deus”, quero te dizer que não conhece, de fato, Deus. E conhecê-lo é a melhor opção para sentir-se feliz, pois Deus te tornará, a medida que for vivendo com ele, uma pessoa eticamente melhor. Você vai poder dizer por si mesmo: “que absurdo. Sou bem melhor dos que estão lá fora”
  
E a humildade?

   Como observação final, provavelmente você deve ter pensado: “Mas que afirmação mais arrogante, sem humildade.” Mas quero te dizer que isso não é verdade. Nós, cristãos, somos moralmente melhores sim, que os que não vivem em Cristo. Mas somos por méritos de Cristo, pois Ele mesmo age em nós, nos transformando, pelo poder de Deus, em pessoas parecidas com Ele. E Ele, certamente, enquanto homem, foi o melhor que já existiu.

Soli Deo Gloria

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