quinta-feira, 10 de junho de 2010

Coisas que Deus NÃO pode fazer

   Quando consideramos Deus como o Todo-Poderoso Criador de tudo que existe, em geral, não pensamos nas coisas que Ele não pode fazer. Existem muitas coisas que os homens não podem fazer; contudo, também existem coisas que Deus não pode fazer. A verdade é que Ele não pode fazer todas as coisas. Não que Ele não tenha capacidade para isso, ou que Ele seja, de algum modo, limitado em Seu poder. Isso acontece por causa do que Ele é e de Sua natureza divina. Existem diretrizes que nem mesmo Deus pode anular. Por exemplo, Ele não pode ser Deus e deixar de ser Deus, ao mesmo tempo. Ele não pode criar outro Deus, ou seja, uma criatura que pudesse se tornar igual a Ele. Esse segundo Deus seria derivado e dependente do primeiro e, nesse caso, seria um “Deus” finito. Visto como Ele teve princípio, jamais poderia ser um Deus tão poderoso como o Deus que Lhe deu origem. Um dos primeiros requisitos para ser Deus, é ser infinito e eterno. Nesse caso, um Deus criado não seria qualificado para exercer o ofício de Deus.

Então, o que Deus não pode fazer?

1) - É impossível que Deus minta. Será que Ele poderia tornar 2 + 2 em 5? Deus não pode mentir, pois Ele é consistente com a verdade, a qual tem os seus absolutos. Hebreus 6:18: “Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta...” Ele não pode quebrar uma promessa incondicional, a qual Ele prometeu cumprir. Ele é a verdade e nEle "não há mudança nem sombra de variação” (Tiago 1:17-b). Ele não pode retroceder em Sua Palavra.
   Quando Ele falou para Abraão tomar o seu filho único e colocá-lo no altar do sacrifício, Abraão sabia que, se Deus tivesse permitido que ele matasse Isaque, Ele iria ressuscitá-lo da morte. Isso porque Ele havia prometido a Abraão, através de Isaque, que as promessas da Aliança iriam ser cumpridas. [N. T. - Se os judeus acreditassem realmente na Palavra de Deus, não ficariam tão submissos e temerosos diante dos palestinos, os quais são apoiados pelo mundo incrédulo.]
   Deus jamais pode enviar outro dilúvio sobre a Terra, como aconteceu no tempo de Noé. Não por falta de capacidade de fazê-lo. Ele não pode fazer isso por ter prometido que jamais iria repeti-lo (o Arco-íris aí está para nos lembrar esta promessa). A natureza de Deus se inclina absolutamente à verdade, o que significa que Ele sempre cumpre Suas promessas.

2) - Deus pode fazer uma rocha tão grande que não possa erguê-la? Se Ele não pode erguê-la, então não é Todo-Poderoso. Neste caso, a rocha se tornaria mais poderosa do que Deus e qualquer coisa mais poderosa do que Ele seria Deus também. Ele tem qualidades infinitas, não finitas, e somente pode fazer coisas que Lhe sejam possíveis. Ele não pode fazer círculos quadrados, nem triângulos de dois lados. Isso seria pedir que Ele contrariasse a lógica, o que seria contra a Sua exata natureza.
   Por isso é um erro categórico afirmar que Ele pode fazer coisas que Ele não pode [N.T. - Este é um erro comum nas doutrinas do Movimento Palavra da Fé]. Seria como indagar a um bacharel qual é o nome de sua esposa (que pergunta estranha, hem?) Ou indagar: qual é o sabor da cor amarela? Cor não tem sabor. Não é possível Deus criar uma rocha tão grande que não possa levantar, pois, se Ele a criasse, também poderia erguê-la. Se Ele pode criá-la também pode destruí-la. Isso não mostra que Deus seja limitado em Seu poder e que Ele não tenha poder infinito. Significa apenas que tudo que Ele criou está sob Sua jurisdição, sob o Seu controle, e que jamais poderia a Ele se igualar... 
   
3). - Deus pode deixar de ser Deus e de existir? Sua natureza é infinita, ou seja, jamais terá fim. Seu imutável caráter moral é um moral absoluto. Este inclui santidade, justiça, amor, misericórdia e verdade. Deus é quem é, eternamente, o único Ser permanente do universo. Somente as coisas criadas, sujeitas ao tempo e ao espaço, feitas de substâncias não eternas, podem mudar. Deus não poderia mudar, mesmo que o desejasse (e isso Ele não quer). Porque Ele é o mais elevado e conclusivo estado da perfeição. As palavras não conseguem descrever o ponto e o estado em que Deus se encontra.

4). - Deus não é livre para agir ao contrário de Sua natureza, a qual é permanente. Isto significa que Ele não é Todo-Poderoso? Não! Significa que, sendo Ele um Ser perfeito e imutável, Seus comandos e ações estão enraizados no bem final, o qual flui de Sua natureza. Seu caráter moral não muda. Sua natureza é eterna. Ele não pode dizer: “amanhã vou agir, por um momento, como se fosse, o Diabo, e pecar como o homem peca”. O que Ele tem sido, há de ser, para sempre - o EU SOU. Ele é totalmente Auto-Suficiente.

5). - Deus não pode pecar. A santidade é parte de Sua natureza e Ele não pode agir de outro modo.

6). - Deus não pode aprender coisas novas [N.T. - Mesmo porque nada existe de novo no Céu e na Terra, por Ele criados]. Antes de criar todas as coisas, Ele já conhecia tudo a respeito delas. Não existe progressão no Seu conhecimento, como existe para o homem. Deus não possui limitações sobre qualquer coisa por Ele criada.

7). - Deus não pode atender oração alguma, conforme a vontade de quem ora. Ele atende somente aquelas orações que estão de acordo com a Sua soberana vontade a ser feita na Terra. Ele não pode responder orações que sejam contrárias aos Seus propósitos. (APRENDAM ESSA VERDADE, PROFETAS DA PROSPERIDADE).

8). - Deus sempre tem razão. Quando Ele faz qualquer coisa não é simplesmente por tê-la feito. Ela é certa porque é certa. Não se torna uma obra boa porque Deus a escolheu, mas por ser boa. Deus a escolheu por ser boa. Deus a quer porque ela é boa e não simplesmente porque Ele deseje ou resolva que ela seja boa. Ele não é arbitrário nem caprichoso. Ele conhece o bem maior porque nEle habita o conhecimento. (ESSE É UM COMENTÁRIO MORAL. NÃO CONFUNDA. DEUS NÃO ESCOLHE NINGUÉM POR ESSA PESSOA SER UMA BOA PESSOA. TODOS SÃO MAUS, MAS PODEM FAZER BOAS OBRAS. AS OBRAS SÃO BOAS, POIS DEUS ASSIM AS CRIOU. SE ASSIM NÃO FOSSE, DEUS PODERIA AGIR DE FORMA IMORAL E TRANSFORMAR AQUELE ATO EM MORAL. É UM ABSURDO INCONCEBÍVEL).
   Toda a natureza comprova que isto é verdade. A ordem é o Seu maior desígnio e objetivo, enquanto o caos não é! Promover a vida é o bem maior, tirar a vida, não! (as exceções são raras). Isso porque tudo flui de Sua natureza moral. Então, conquanto Deus seja Todo-Poderoso, Ele não pode agir nem pensar contrariamente à Sua eterna e ilimitada natureza, a qual é o conclusivo bem moral.
  

   Não é bom saber que existe um Ser a Quem todo o universo está sujeito? Um Ser perfeito em Seus julgamentos e escolhas, um Ser que cumpre Suas promessas e jamais comete erros? Isto é um conforto para aqueles que O conhecem e respeitam... E exatamente o contrário para os que O negam ou O ignoram!


Artigo do “letusreason ministries” - “Things God Cannot Do”
[Traduzido e comentado por Mary Schultze]
[MEUS COMENTÁRIOS ESTÃO EM CAPS LOCK E EM VERMELHO]

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A Regeneração

   Hoje me dói muito no coração ver pessoas que se dizem filhos de Deus e claramente não são. São fariseus, pessoas que professam uma fé verdadeira, genuína, segundo a sã doutrina, mas que não tem uma vida regenerada pela palavra. Mas o que é regeneração? Como saber se alguém é ou não convertido? É correto fazer essa distinção entre quem é e quem não é convertido? São perguntas como esta que fazem valer a pena ler este post e, pela graça do Senhor Jesus, encontrar o caminho da verdade.

- O que é regeneração?

   A regeneração é um processo miraculoso onde Deus, pela atuação do seu Espírito Santo faz de um morto espiritual em um vivo em Cristo (1 Pe 1:23 Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre). Nas palavras de Paul Washer, que com uma maravilhosa coerência e felicidade fez se notar a seguinte verdade. A regeneração é um ato divino tão ou mais poderoso que o ato da criação. Na criação, Deus fez as coisas existirem do nada. Mas na conversão de uma criatura depravada, Deus cria um novo ser a partir de um ser desordenado, desorganizado, manchado pelo caos do seu pecado. Percebe que aqui Deus faz uma obra excepcional, maravilhosa, para salvar um ser corrompido de um mundo corrompido que tende a sua destruição final.
   João 3 nomina a regeneração como um “novo nascimento”. Na regeneração o homem que estava morto nos seus delitos e pecados é, pelo poder de Deus, feito vivo novamente. (Ef 2:1 Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados). Jesus aponta o novo nascimento como necessário para a vida eterna (Jo 3:3 Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus). Não pode entrar no reino de Deus quem não nascer de novo. Fica, a meu ver, evidente que ninguém nasce convertido, caso contrário não seria novo nascimento, mas um nascimento duplo (?). Não seja ridículo.

- Como saber se alguém é ou não convertido?

   Antes é importante considerar um lamentável fato. Nem todos que se dizem convertidos realmente são (Mt 7:21-23 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.). É triste a situação dos CONVENCIDOS. Por nascerem em um lar cristão, por irem sempre aos cultos, e até mesmo por saberem quem é Jesus esses indivíduos se convencem piamente que são convertidos. Mas existem neles algumas falhas facilmente notadas.
   O convencido, muitas vezes, acha que sempre foi convertido ( se assemelha a situação dos fariseus que se intitulavam como verdadeiros servos de Deus. Jo 9:41 Respondeu-lhes Jesus: Se fosseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Nós vemos, permanece o vosso pecado). Acredita, por desconhecer a necessidade de nascer de novo, que sempre, desde que se entende por gente, foi regenerado, criando assim uma deficiência no próprio conceito do que seja a regeneração. Tal indivíduo precisa, inclusive, de uma regeneração no bom senso (!).
   O individuo falsamente regenerado muitas vezes tem também o hábito de se orgulhar de seus feitos pecaminosos. Ele não sente a dor, a tristeza que o pecado gera no coração de quem tem o Espírito Santo de Deus.
   Ele pode também ter o costume de mudar seu jeito, de camuflar-se segundo o meio que vive. Se estiver na igreja e perto dos irmãos regenerados, ele é um “santo”. Longe deles, e no meio secular, ele, não raramente, até se sente melhor, mais “livre” para expor sua personalidade descompromissada com Deus.
   Mas ainda não entramos no mérito da questão. Como então saber se o indivíduo é convertido ou convencido?
   Não é preciso muito para saber que uma pessoa declaradamente mundana não tem compromisso com o Senhor. Mas para as pessoas que se declaram crentes em Deus o primeiro e indispensável critério é conhecer a fé que essa pessoa professa. Essa pessoa deve professar uma fé coerente com a sã doutrina nos seus princípios básicos. Existem divergências doutrinárias, é claro, mas alguns pontos não podem ser divergentes, pois comprometem totalmente a idéia do Deus que se serve. São inegociáveis, por exemplo, a doutrina da Trindade, a plena divindade e humanidade de Cristo, a personalidade do Espírito, os atributos clássicos de Deus – imutabilidade, onipotência, onipresença e onisciência, etc. – a queda e o estado de perdição e pecado no qual se encontra toda a raça humana, a morte sacrificial e expiatória de Cristo e a salvação pela graça mediante a fé no Salvador, a sua ressurreição literal e física de entre os mortos, sua segunda vinda, o céu e o inferno como realidades pós-morte e a autoridade e infalibilidade das escrituras. (Augustus Nicodemus Lopez; O Tempora, O Mores; artigo “Eu também mudei” ).
   Com uma profissão de fé coerente e fiel à Palavra, resta saber se ela reconhece que se converteu algum dia, mesmo que não consiga precisamente se lembrar da data. É importante que a pessoa reconheça que foi salva por Cristo, mesmo que tenha sido quando ela ainda era criança, suficientemente madura para “aceitar” Jesus, reconhecendo-o como Senhor e Salvador de sua vida (não estou falando necessariamente do “apelo” para aceitar Jesus).

   Por fim, resta saber se ela leva uma vida coerente com a sua profissão de fé. Se a pessoa odeia o pecado, se se arrepende constantemente dos seus pecados e luta para vencê-los diariamente, constantemente suplicando o perdão de Deus. O convertido também peca, mas ele odeia o pecado e luta contra ele por odiá-lo e por amor a Deus (que é o mais importante mandamento). Quanto mais grave é seu pecado, mais doloroso esse pecado é para o crente genuinamente convertido. Sua depravação o faz lamentar-se e humildemente reconhecer a soberana graça do Senhor em salva-lo.
   Portanto a conversão é acompanhada de arrependimento de uma vida de pecados e inimizade (ainda que não expressa) com Deus. Importante ressaltar aqui a preciosa lição de M. Lutero sobre o arrependimento. Ele nos ensina que o arrependimento é fruto de três momentos: o de conhecimento (cognitivo), o sentimental e o de vontade (ou volitivo). O processo de conhecimento é fundamental pois por conhecermos a vontade do Senhor que sabemos quando cometemos o pecado. No momento do conhecimento nós estamos aptos a discernir qual é nosso pecado. Reconhecemos que erramos, pois temos o conhecimento do pecado. Na faze chamada de sentimental é onde nós lamentamos o pecado. Esse momento não é mecânico. Nós não decidimos sentir a tristeza do pecado como decidimos conhecer o que é pecado através do estudo das sagradas letras. Lamentar o pecado é um momento único do convertido. Acredito que a cauterização ataca esse momento, pois o indivíduo não consegue sentir o quão nojento é seu pecado e não consegue se arrepender plenamente. O terceiro momento do arrependimento é o momento volitivo. Aqui é onde o indivíduo que conhece o pecado, lamenta por tê-lo cometido, decide também não cometer nunca mais o pecado. Isso não significa que ele não se arrependeu se cometer o pecado posteriormente. Eu posso, com sinceridade, decidir conquistar uma menina, ou decidir fazer o gol. Não necessariamente eu tenho que conseguir para que a minha vontade inicial tenha se consumado. A decisão tem que ser sincera, porém ela não necessariamente exclui o pecado da sua vida. Quando alguém se converte, esse alguém tem a decisão no seu coração de nunca mais pecar, mas sabemos que ele, infelizmente, pecará.
   Concluímos então que o indivíduo convertido tem uma profissão de fé em conformidade com a sã doutrina, reconhece sua conversão (com méritos a Cristo) e vive uma vida de acordo com a fé que professa (Fp 1:27 Somente portai-vos, dum modo digno do evangelho de Cristo...), se arrependendo do pecado e lutando contra ele e produzindo frutos dignos de arrependimento.
   Um ponto importante na distinção de quem é convertido e quem não é convertido é o fato do convertido apresentar mudança. A mudança que ele apresenta nem sempre é instantânea, mas ele muda para melhor, pois o Espírito Santo, pelo conhecimento da Palavra que o indivíduo tem, transforma a sua vida. Se alguém se diz convertido mas nunca melhora, nunca conserta seus defeitos, essa pessoa precisa rever se é ou não convertida. Importante ressaltar a lição de que depois do novo nascimento o indivíduo não se torna um ser perfeito e regenerado em todas as áreas de sua nova vida. Ele agora é vivo, mais viverá um processo constante de restauração, como nos ensina Fp 1:6 tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus.
  
- É correto fazer essa distinção entre quem é e quem não é convertido?
   Na verdade essa pergunta pode se confundir com a seguinte: “É correto julgar?”. Para dar seqüência a esse tópico recomendo que leia o artigo “Julgar ou Não Julgar” (clique no link e leia antes de continuar) para não pensar que meus posicionamentos são arrogantes, imprecisos e até dissonantes da verdade. Portanto o que farei nesse tópico não é responder, necessariamente, essa pergunta, mas, convicto de que, respaldado nas escrituras, a resposta é um sonoro SIM, fazer algumas ressalvas importantes quanto aos critérios para distinguir.
   Primeiramente é importante deixar claro que dizer que uma pessoa não é convertida hoje não implica em sentenciar tal pessoa para o inferno. É um reconhecimento que tem incentivo na Palavra (1 Jo 4:1 Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.). Então não confunda distinguir uma pessoa como não convertida com dizer se ela vai ou não para o céu, mesmo porque ela pode se arrepender e viver uma vida em juízo com Deus.
   Outra dificuldade em fazer a distinção entre quem é e quem não é convertido reside no fato de que nem sempre temos convivência com todos os que se dizem regenerados. Um julgamento aqui seria injusto, sem critérios. Porém, por uma profissão de fé incoerente podemos afirmar categoricamente que uma pessoa não é convertida, mesmo que ela seja a mais piedosa pessoa que se conheça. Mas uma vez que a pessoa professa uma fé verdadeira, não podemos conhecer o interior da pessoa se esse não se manifestar através de suas atitudes e palavras (o que geralmente é impossível sem convivência).
   Então porque fazer a distinção?
   Excelente questão. Seria apenas para exaltar os que são convertidos? Para humilhar os que não são? Para excluí-los dos trabalhos da igreja? De maneira alguma!
   A importância de se distinguir quem é convertido ou não é óbvia em longo prazo. O não convertido tende a se sujar na lama do pecado e não querer se limpar. Ele, quando não professa uma fé coerente com a bíblia sagrada, é um câncer no corpo de Cristo, pois dissemina doutrinas destrutivas, levando muitos a se desviarem do caminho da verdade (Rm 1:32 os quais, conhecendo bem o decreto de Deus, que declara dignos de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que as praticam). Além disso, esse indivíduo mesmo permanece nas trevas sem reconhecer que está e ele mesmo se destrói. Distingui-lo como não convertido é tão importante para a igreja como para ele mesmo (2 Pe 2:1 Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição). É uma maneira amorosa de incentivá-lo a se converter. A distinção deve vir acompanhada de um desejo de evangelização ao não convertido.
   O não convertido também tem a revoltante mania de dar um péssimo testemunho da verdade regeneradora. Fato que, por levar a bandeira de Cristo, prejudica muito a vida dos novos na fé e da visão dos ímpios com relação à igreja (Rm 2:24 Assim pois, por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios, como está escrito). Eles trazem descrédito para a igreja local e desmotivam muitos pagãos a reconhecer a glória do Senhor sobre os filhos de Deus. A solução então é distinguir os não convertidos e, novamente motivá-los a se converterem genuinamente.
   Por fim talvez o mais importante motivo para a distinção é que é um mandamento do Senhor. (1 Jo 4:1 Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo). Não se deve ter um não convertido participando dos trabalhos da igreja, com funções delimitadas pelo Senhor, como presbíteros, diáconos, enfim, estes não convertidos não fazem parte do corpo de Cristo. Isso não significa excluí-los da igreja (instituição), mas apenas dos “cargos” que a Palavra apresenta.
  
- Conclusão

   Espero que com esse estudo você aprenda o que é a regeneração, como a importância de distinguir os regenerados e os não, bem como a maneira correta de fazer e de não fazer essa diferenciação. Se você não é um convertido e, com esse artigo conseguiu perceber isso, não se conforme com sua presente situação. Não é uma vergonha reconhecer que ainda não é regenerado. Vergonhoso é permanecer na situação pecaminosa sem procurar o novo nascimento. Procure alguém para lhe explicar totalmente o que é o plano de salvação e ore sinceramente para Deus ter misericórdia e habitar em seu coração. É uma honra ser novo na fé. É poder começar uma nova história com alguém que o ajudará. Com certeza todos que estão ao seu redor ficarão contentes e você vai poder experimentar o poder de Deus te concertando e a paz que excede todo entendimento será presente em sua vida para sempre. Deus te abençoe! Graça e Paz.

Sola Fide

Sola Gratia

sábado, 5 de junho de 2010

Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam à Deus. será?

Palavra do articulista
   Lendo um blog de um irmão na fé que tive o prazer de conhecer, achei interessante a maneira que ele fora iluminado para colaborar com uma boa compreensão de um texto que é bem mal interpretado. Acho que vale a pena compartilhar com vocês esse post. Tal postagem se encontra no http://talzz.tumblr.com/
Deus te abençoe e ilumine mais Talzz!

[leia o post antes de me chamar de herege pelo título do mesmo]

[baseado em um texto que li há algumas semanas no solomon]

   Ao longo da vida ouvimos e vamos ouvir pelo menos umas mil vezes: ‘não se preocupe, tudo vai dar certo.’ e eu me pergunto, de onde vem esse otimismo? certamente não das provações que já passamos, mas, de pura ingenuidade ou na esperança de estar vivenciando um filme de hollywood ou uma temporada de malhação.
   Na real a gente sabe que só em hollywood e no projac é que realmente ‘tudo dá certo, e não precisa se preocupar.’ : conhecemos casos de crianças sendo levadas por um câncer ou um motorista alcoolizado. conhecemos casos de usuários de drogas que vieram de bons lares, ou de homens de família que perderam seus empregos. enfim, estamos permanentemente cercados de tragédias, e se duvida disso basta ligar às 8 em qualquer telejornal pra ver que eu não tô falando besteira. mas mesmo assim a gente continua repetindo sem pensar duas vezes: ‘não se preocupe, tudo vai dar certo.’
   Essa expressão não é nova: certamente os gregos e romanos proferiam isso em suas épocas, mesmo tendo consciência que suas palavras eram vazias. até um tal apóstolo paulo escreveu algo do tipo certa vez, mas com uma diferença: paulo não escreveu o seu ‘tudo vai dar certo’ como se fosse um cheque em branco jogado pro alto, mas condicionou seu sentimento e definiu o ‘bem’ como algo além do conforto e das riquezas (que é a visão deturpada que temos atualmente, como já comentei em outros posts: atualmente se prega que o cristão não foi mandado pro mundo pra sofrer. estão esquecendo da historinha de Jesus (?))
   Como bom presbiteriano calvinista e total aspirante à apologeta: vamos explorar o texto, e para isso precisamos entender o CONTEXTO: em romanos 8:28, paulo trata do poder do Espirito Santo em meio ao sofrimento e a dor. paulo não era indiferente ao sofrimento, muito menos ingênuo depois de experiências como açoitamentos, prisões e perseguições. o contexto imediato (do versículo em si) é mostrar o que são os pré-requisitos para que o que é bom (bem) venha à acontecer: “sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”
note bem que paulo não explicita uma promessa geral, mas restringe àqueles que amam a Deus e que são chamados segundo seu propósito.
   Mas, então.. o que é o bem? isto fica muito claro pra mim no versículo 29 (aquele mesmo que todo arminiano exclui da bíblia) - “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” - galera.. o bem não é riqueza, o bem não é conforto, O BEM É A CONFORMIDADE À CRISTO! e esse bem se define no próximo versículo: “E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou” - enfim: todas as coisas cooperam para trazer o cristão à conformidade de Cristo.
   Quando analisamos o contexto de romanos 8.28 podemos dar uma resposta positiva à dor, miséria e sofrimento no qual o mundo se encontra. não há nada de bom nessa miséria e nesses desastres mas este mundo não é toda realidade existente. existe um ‘até então…’, um lugar ‘além do horizonte’ que é mais real e duradouro que essa ‘casca’ que a gente vive.
   Deus usa o presente. até mesmo um presente miserável, para nos conformarmos à imagem do Seu filho. se limitarmos o nosso contexto de ‘bom’ à esse mundo perdemos a mensagem desse texto. pois como o mesmo paulo disse 10 versículos antes: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada”

MAIS JESUS, MENOS RELIGIÃO!
SOLI DEO GLORIA!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A superioridade (?) da ciência (Traduzido)


   Vou traduzir para vocês essa tirinha que achei. Muito boa. Então o carinha que defende a Bíblia sera chamado de 1 os outros de C1 e C2 (ciência 1 e ciência 2)

1 Porque os cavalheiros não tomar a Bíblia literalmente? Vocês são teólogos não são?

C1 Nós não podemos tomar a bíblia literalmente. Ela foi escrita por homens.

1 Homens inspirados por Deus.

C1 Bem, de qualquer jeito! Os fatos relevantes são escritos por cientistas.

C2 Ah. Espera um minuto.
     (agora o balãozinho que mostra que ele está cochichando) Você está usando o livro de ciências do último ano. Esse outro tem todos os novos fatos.

C1 Como eu estava dizendo, os fatos relevantes são escritos por cientistas...


--' Esses liberais são tão espertos! Será que eles acreditam no Inri Cristo?

O maior problema do mundo

   Quero deixar um protesto aqui. Quero, pois eu não posso deixar de falar. E o que vou falar me traz muita vergonha. Eu sinto uma dor enorme no coração em admitir alguns fatos que acontecem hoje no meu circulo social em comunhão com irmãos em Cristo.
   A verdade é que eu estou cansado de muita coisa e eu preciso falar. Eu estou cansado de, com 3 anos de convertido, ter que ser discipulador de pessoas que são velhas na fé. De ter que aguentar o problema dos outros e os meus. Quem me conhece em Cristo sabe que o mandamento de se preocupar primeiro com os interesses dos outros e depois os meus, eu o cumpro de todo meu coração (pelo menos eu me empenho para cumpri-lo). A questão é que com tão pouco tempo de convertido eu já estou aprendendo a resolver meus problemas em solitude, em momentos com Deus de intensa oração, de lágrimas, de joelhos doendo de tanto orar, de cabeça fervilhando de tanto estudar a Palavra, e de braços cansados de tanto estender a mão.
   Sou grato pelo que aprendi, no meu pouco tempo de convertido. Mas o que me deixa realmente bolado é que tão novo em Cristo (eu me considero uma criança ainda) eu tenho que me preocupar em ajudar quem tem 15 anos de convertido. Isso por conhecer mais de Cristo que estas pessoas. Parece muita soberba da minha parte, mas eu digo isso com o coração humilde e quebrantado na presença do Senhor, e Ele sabe que é verdade. Dói-me o coração ao ver essa situação.
   Sou eu quem deveria estar sendo ajudado. Eu tenho tanto que crescer, tanto problema do meu ser que ainda tenho que consertar, tanta bobeira que eu dou por ser imaturo, tanta mancada que eu poderia evitar se estivesse sendo auxíliado... Eu quem deveria estar maravilhado com tamanho conhecimento que meus irmãos mais velhos na fé possuem. Sou eu que deveria vê-los ensinar a conciliar conhecimento à prática. Mas o que vejo são pessoas que não conhecem o seu Senhor como deveriam conhecer, e que cometem tantos erros de criança. São tão imaturos que eu me disponho a, humildemente, ajudá-los. Eles estão no meu caminho, não posso ignorá-los.
   Por fim, meu desejo é que os que lerem esse artigo, voltem-se completamente para o Senhor para se tornarem auxílio dos mais jovens. Pessoas maduras na fé, prontas a ajudar na mesma medida em que são ajudadas pelos que o Senhor levanta para ajudá-los. Não reclamo de ajudar você não meu irmão. Faço dos seus problemas os meus. Mas se você fizer dos meus os seus, entraremos num acordo (de acordo com o bom senso e a necessidade de cada um) de qual deve ser prioritário. Mas o lamentável é que você pensa que seu problema é o maior do mundo.

Julgar ou Não Julgar?

Palavra do articulista (eu)
   Preparando um artigo (que postarei em breve) percebi a necessidade de se conhecer sobre o assunto deste post, para que a compreensão do conteúdo sequencial não seja manchado pelo desconhecimento das valiosas verdades informadas aqui. Então acabei achando esse estudo no meu PC, li e gostei muito. Fiz destaques com fim didáticos e ao final fiz um breve comentário sobre uma parte do texto que no meu ver poderia gerar alguma polêmica ou confusão aos menos despreparados, teológicamente falando. Saúdo-vos com a Graça e a Paz do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

JULGAR OU NÃO JULGAR?

por Helder Nozima

“Não julguem, para que vocês não sejam julgados” (Mateus 7.1).


“Vocês não sabem que os santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor importância?” (1 Coríntios 6.2)

   Afinal: crente pode ou não julgar? Para algumas pessoas, o verdadeiro cristão é alguém que não julga. Ele sabe o que é o pecado, consegue reconhecê-lo quando ele acontece, mas ele nunca chamará outra pessoa de pecadora. Na verdade, ele sempre se mostrará compreensivo com o pecador, chegando a abrir mão da disciplina eclesiástica, pois, “quem sou eu para julgar o meu irmão?” Outros adotam uma postura mais agressiva: medem a espiritualidade das pessoas por meio de suas obras, não raro chegando ao ponto de criar uma escala espiritual dos crentes, aonde uns são santos e consagrados, e outros são mundanos e depravados. Os mais exagerados chegam até mesmo ao ponto de declarar que algumas pessoas são salvas, e outras não.
   Por trás deste debate, está uma questão que é mal interpretada e compreendida nos círculos evangélicos. Afinal, o crente pode julgar? Se sim, quando e como deve ser este julgamento?

1) SIM, O CRENTE PODE JULGAR


   Como protestante conservador, entendo que não existe uma parte da Bíblia mais inspirada do que outra. Não acho que os Evangelhos sejam mais inspirados do que as epístolas, ou que a teologia paulina é superior à teologia de Marcos. Ler a Bíblia com este pressuposto significa entender que um ensino dos Evangelhos é tão autoritativo como um ensino contido em uma epístola. Os que dão preferência a uma porção da Bíblia em detrimento de outra acabam com uma teologia parcial e incompleta, além de quebrarem a unidade e harmonia das Escrituras.
   Inicialmente, gostaria de dizer que, em algumas circunstâncias, o cristão pode fazer julgamentos. Embora Jesus Cristo tivesse dito que Ele não julgava as pessoas (João 8.15) ou que nós não deveríamos julgar (Mateus 7.1), podemos ver vários momentos em que o Senhor Jesus emitiu juízos:

“Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo”. (Mateus 23.13).

Guias cegos! Vocês coam um mosquito e engolem um camelo”. (Mateus 23.24).


“Uma geração perversa e adúltera pede um sinal miraculoso! Mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal do profeta Jonas” (Mateus 12.39).


“Bem profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas; ...” (Marcos 7.6).


“Respondeu Jesus: Ó geração incrédula, até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam-me o menino” (Marcos 9.19).


“Não dêem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão” (Mateus 7.6).


   Estes versículos são apenas uma amostra de vários juízos proferidos por Jesus. Além destes, podemos achar outros, como os ais pronunciados contra Corazim, Betsaida e Cafarnaum (Lc 10.13-15), a declaração de Cristo a vários judeus que haviam crido nele, dizendo que eles eram filhos do Diabo (Jo 8.44) e várias passagens aonde Cristo diz que quem não crê nele, já está condenado (Jo 3.17-18, 36, etc).
   À luz destas passagens, revela-se falso o argumento de que, baseado no ensino dos Evangelhos e no modelo de vida de Jesus, o cristão não pode julgar a ninguém. Cristo julgou a vários grupos de pessoas. Ao contrário de nossa visão suavizada acerca do Senhor, vemos que Ele, em sua ira e verdade, chamou os fariseus de “hipócritas”, disse que não deveríamos jogar pérolas a “porcos” ou dar o que é santo aos “cães”, além de considerar a sua geração como sendo “perversa”, “adúltera” e “incrédula”. Em todos estes momentos, Jesus mediu estas pessoas, achou-as em falta e emitiu um comentário ou juízo sobre eles.
   No entanto, alguém pode argumentar dizendo que Jesus, devido a sua condição única de Deus-Homem, tinha o direito de julgar aos outros. Afinal, de acordo com João 5.22:

“Além disso, o Pai a ninguém julga, mas confiou todo julgamento ao Filho”.

   Em outras palavras, Jesus pode julgar as pessoas porque Ele é Deus. Ele nunca faria um julgamento incorreto ou impreciso, além de ter todas as qualificações morais necessárias para ser um Juiz. Nós não teríamos esta capacidade.
   Mas, apesar de nossas limitações e finitude humanas, o ensino dos apóstolos nos diz claramente que devemos emitir juízos em algumas situações:

“Apesar de eu não estar presente fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso, como se estivesse presente (...) entreguem este homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor” (1 Coríntios 5.3-5).


“Mas agora estou lhes escrevendo que não devem associar-se com qualquer que, dizendo-se irmão, seja imoral, avarento, idólatra, caluniador, alcoólatra ou ladrão. Com tais pessoas vocês nem devem comer” (1 Coríntios 5.11).


“Pois tais homens são falsos apóstolos, obreiros enganosos, fingindo- se apóstolos de Cristo” (2 Coríntios 11.13).


“Mas eles difamam o que desconhecem e são como criaturas irracionais, guiadas pelo instinto, nascidas para serem capturadas e destruídas; serão corrompidos pela sua própria corrupção! Eles receberão retribuição pela injustiça que causaram. Consideram prazer entregar-se à devassidão em plena luz do dia. São nódoas e manchas, regalando-se em seus prazeres, quando participam das festas de vocês” (2 Pedro 2.12-13).


“De fato, muitos enganadores têm saído pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em corpo. Tal é o enganador e o anticristo. Tenham cuidado, para que vocês não destruam o fruto do nosso trabalho, antes sejam recompensados plenamente. Todo aquele que não permanece no ensino de Cristo, mas vai além dele, não tem Deus, quem permanece no ensino tem o Pai e também o Filho. Se alguém chegar a vocês e não trouxer esse ensino, não o recebam em casa nem o saúdem. Pois quem o saúda torna-se participante das suas obras malignas” (2 João 7-11).

   Vemos portanto que três apóstolos, Paulo, Pedro e João julgaram a pessoas em seu tempo. Na verdade, é impossível cumprir alguns mandamentos sem que se avaliem as pessoas. Paulo disse que não devemos nos associar a quem diz que é cristão, mas é imoral, avarento, idólatra, entre outros. Para que eu obedeça a este
mandamento, preciso olhar para a vida do cristão e ver se ele incorre em algum destes erros. João diz que não devemos nem saudar aqueles que negam a encarnação de Jesus e os hereges que vão além do ensino de Cristo. De igual modo, para que eu obedeça à instrução de João, devo julgar a meus semelhantes cristãos.
   O bom senso também nos mostra que fazemos julgamentos o tempo todo. Na hora de escolher um pastor, presbítero ou diácono, nós devemos julgar o caráter do candidato à luz das exigências bíblicas (Tt 1 e 1 Tm 3) e ver se ele é aprovado para a liderança da Igreja. Quando convidamos alguém para pregar, também examinamos a vida e o ensino do pregador, pois, caso ele seja um herege, entregar-lhe o púlpito significa causar transtornos à Igreja de Cristo.
   Vemos também, à luz destes versículos, que a disciplina eclesiástica também é uma ordenança divina. O próprio Senhor Jesus nos dá base para a exclusão de membros em Mateus 18.17:

“Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano”.

2) COMO JULGAR E COMO NÃO JULGAR AS PESSOAS


   Esclarecido, pois, este primeiro ponto, precisamos analisar agora como as pessoas devem ser julgadas.

   Olhando para o exemplo de Jesus, vemos que os religiosos que não vivem aquilo que pregam são dignos de julgamento. Os fariseus foram criticados por Jesus por serem hipócritas. Eles, por exemplo, davam o dízimo de temperos, mas negligenciavam a justiça, a misericórdia e a fidelidade (Mt 23.23). Jesus também condenou os fariseus por sua doutrina distorcida (Mt 23). Olhando para os evangelhos, também vemos que os fariseus eram pessoas que impediam o acesso de outros pecadores ao caminho da salvação (Mt 23.13), orgulhosas acerca de sua fé (Lc 18.9-14) e resistentes ao ensino de Jesus, chegando até mesmo a atribuir as obras de Jesus ao próprio Satanás (Lc 11.14-15).
   Jesus também julgou a sua geração por querer tentar a Deus, pedindo um sinal. Na verdade, a multidão não queria acreditar em Jesus, eles não tinham fé. Pela mesma razão, Jesus teve vários embates com a multidão ao longo do Evangelho de João. Jesus apontava o pecado da incredulidade para aqueles que se recusavam a admitir suas falhas. O Senhor também julgou os "cães" que rejeitam o seu Evangelho, chegando a dizer que não deveríamos lhes atirar as nossas pérolas (o Evangelho).
   Os pecadores resistentes, aqueles que se recusam a admitir o seu pecado (como Ananias e Safira ou os fariseus), os hereges que não aceitam correção (como os falsos apóstolos descritos por Paulo), os que se fazem passar por irmãos, mas não o são (os fariseus e os homens com os quais não devemos nos associar), os imorais que não se arrependem de seu erro e continuam a praticá-lo (o caso de disciplina mostrado em 1 Coríntios 5), todos estes são exemplos de pessoas que são passíveis de julgamento.
   Mas não devemos condenar os pecadores que reconhecem seu erro e se arrependem. A adúltera apresentada a Jesus (Jo 8.1-11), o publicano Zaqueu (Lc 19.1-9) e a pecadora que ungiu os pés de Jesus (Lc 7.36- 50) são exemplos de pessoas que foram julgadas pelas pessoas que os cercavam, mas que não foram julgadas por Jesus. Tratavam-se de pecadores que estavam buscando o arrependimento, corações que tinham sede de Jesus e que não foram resistentes ao Evangelho. O pecador que sabe a gravidade de seu pecado e que está lutando para abandoná- lo e se aproximar de Deus, deve ser acolhido.
   Jesus também não julgou os pecadores que ainda não tiveram a oportunidade de aceitá-Lo ou rejeitá-Lo*. Ele andava com os publicanos e pecadores (Mt 9.10), provavelmente evangelizando-os. O pecador que não participa da Igreja e que não rejeitou definitivamente o Evangelho deve ser evangelizado, e não condenado. Sobre isso, vale a pena ler 1 Coríntios 5.12, que dá a entender que não devemos julgar aqueles que estão fora da Igreja:

“Pois, como haveria eu de julgar os de fora da igreja? Não devem vocês julgar os que estão dentro?”

   Isso não quer dizer que não devemos falar para os incrédulos sobre os seus pecados. Ao contrário, toda evangelização séria mostrará, com clareza, que todos somos pecadores e merecedores de uma condenação eterna. Mas isso não nos dá o direito de condená-los, a nossa primeira preocupação deverá ser a de evangelizá-los, e, caso eles não aceitem o Evangelho, deixá-los e pregar o Evangelho a outros incrédulos (Mt 10.11-16).
   Aquele que julga também deve ser uma pessoa de moral. Caso contrário, ela estará desqualificada para fazer qualquer julgamento:

“Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: Deixe-me tirar o cisco de seu olho, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão” (Mt 7.3-5).

“Portanto, você, que julga os outros é indesculpável; pois está condenando a si mesmo naquilo em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas” (Rm 2.1).

   Um adúltero não pode disciplinar outro, um ladrão não pode disciplinar outro ladrão, e por aí vai. Antes de alguém querer julgar a seu semelhante, convém recordar Mateus 7.2, que diz que:

“Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês”.

   Uma última palavra deve ser dita. Condenar a alguém não significa tripudiar sobre a pessoa, nem caluniá-la ou ficar fofocando sobre o pecado alheio. Em Mateus 12.20, lemos que Jesus “não quebrará o caniço rachado e não apagará o pavio fumegante”. Jesus não foi enviado para condenar o mundo, mas sim para salvá-lo (Jo 3.17), e nem mesmo o arcanjo Miguel fez acusações injuriosas contra Satanás (Jd 9). A disciplina eclesiástica ou a condenação de alguém são eventos que devem despertar em nós tristeza e pesar, e não fofocas ou prazer. Se vemos que alguém está se desviando do Evangelho ou pregando heresias, o nosso objetivo principal deve ser conduzir o pecador ao arrependimento e a restauração. Caso a disciplina seja indispensável, ela deve ser feita com seriedade, amor e tristeza, sempre objetivando o arrependimento, e não a condenação eterna do pecador. E com muito temor também, afinal, não somos pessoas perfeitas e ninguém deve ser julgado ou condenado injustamente.
   Espero que este estudo possa nos ajudar a entender melhor a questão da disciplina e possa nos dar uma visão bíblica e equilibrada sobre esta delicada questão que é a de julgar os outros.


PARTE MINHA


   *Vale ressaltar a idéia aqui tratada no texto de que não devemos julgar os que são de fora, no sentido de não podermos cobrar deles uma conduta que eles não almejam defender, nem participarem (ou se dizerem participantes) do corpo de Cristo que defende a bandeira da retidão e integridade. Mas ainda sim julgamos e condenamos todos os atos dos de fora, que são contrários a palavra do Senhor. Isso não quer dizer que condenamos o de fora a ponto de apartá-los como seres dignos de desprezo do nosso amor. De maneira nenhuma. Como dito no texto, devemos ter essas pessoas como alvas do amor de Cristo e do nosso amor. E, como manifestação máxima desse amor, devemos apresentar o único caminho para a salvação. (Tal comentário se refere a parte do texto grifada na mesma cor)
   Vale ressaltar também que não condenar tais pessoas não significa que elas podem ser salvas sem passar pelo crivo da Palavra do Senhor. Somente Jesus Cristo (aquele que veio como homem, e não um outro qualquer, mesmo que seja muito parecido) pode salvar o pecador, manifestando a graça do Senhor e regenerando-o.
   Por fim o que não podemos de maneira nenhuma é, baseado na presente situação de uma pessoa desviada dos caminhos do Senhor, sentenciar essa pessoa ao inferno, pois tal julgamento só pertence ao Senhor que não o faz sem parâmetros (mas segue os que Ele mesmo estípulou nas Sagradas Escrituras). Mas podemos sem medo dizer que se essa pessoa morrer em tal situação, sua condenação é inevitável, pois a Bíblia estabelece padrões distinguíveis extremamente claros para a condenação eterna.



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