sexta-feira, 28 de maio de 2010

Teologia da Prosperidade(?)


- o que é


   A teologia da prosperidade é uma espécie de pensamento que tem dominado o cenário daqueles que se dizem Cristãos. Ela tem um encontro marcante com as denominações neopentecostais, e encontram simpatia de algumas denominações pentecostais. Em raros casos (felizmente) tem laços com denominações tradicionais.
   O pensamento difundido pela teologia da prosperidade é o de que você é um vencedor (mais que vencedor), um filho do Rei, e como tal deve viver e pensar como um, e não viver como um derrotado. Você deve exigir seus direitos por ser um príncipe de Deus. Deve determinar a cura, declarar a benção, amarrar a enfermidade e as portas fechadas, receber a promessa, e assim por diante. Tudo que um filho de rei pode e deve fazer. Esse pensamento da muito valor ao homem, colocando ele no centro do universo, por isso classificado de um movimento antropocêntrico.

- o erro

   O erro da teologia da prosperidade se encontra no fato da inversão de posição. Os adeptos da teologia da prosperidade ao se considerar príncipes, esquecem que ainda são menores que o rei e se passam por senhores, fazendo de Deus um empregado, bem adestrado para, se pronunciadas as palavras mágicas, atender ao desejo. Um verdadeiro gênio da lâmpada, que só não chama seu dono de Senhor, pois ele pode se irar e deixá-lo sozinho (que pena, imagina Deus sem o afeto deste “servo”... ele ficaria tão triste). Portanto, na teologia da prosperidade Deus deixa de ser senhor, soberano e absoluto sobre todas as coisas, e passa a atuar limitadamente, segundo a “irresistível” vontade do homem.
   Se você ao ler isso ficou indignado, parabéns! Você é mais um que percebeu o nojo da teologia da prosperidade, também conhecida por confissão positiva. O problema é que às vezes essas idéias vêm disfarçadas. São camufladas em “testemunhos” que constantemente fazem surgir modas e regras para ser bem sucedido. Porém tais idéias são desprovidas de fundamentos bíblicos ou, não raramente, provenientes de textos bíblicos mal interpretados, por estarem fora de contexto, ou absurdamente mal analisados em si.

- A teologia triunfalista versus teologia bíblica

  Antes, vale a pena conferir um relato bíblico:
  
“O problema não é de hoje. É multissecular. O profeta Jeremias fazia o que podia para convencer os reis e o povo de Israel da famosa tríade que estava para chegar a qualquer momento: a guerra, a fome e a peste (Jr 14.12; 21.7; 24.10; 27.8; 29.17; 32.24; 34.17; 38.2; 42.17; 44.13). Enquanto isso, o profeta Hananias, no mesmo lugar e para o mesmo público, profetizava “prosperidade” (Jr 28.9, NVI e BP), ou “paz” (NTLH, ARA e BV), ou “felicidade” (Tradução da CNBB). Um e outro usavam a mesma introdução: ‘Assim diz o Senhor’”. [1]
   Não sou contra, de forma alguma, o triunfo do crente. Não quero dizer que devemos nos apegar à miséria e nem nos acomodar com ela. O caso simplesmente mostra que um falava a verdade, realmente uma mensagem de Deus, e outro, usando do crédito que os profetas tinham, pregava segundo seus interesses e não os de Deus. Somente um poderia estar certo. Hoje temos de um lado os profetas da prosperidade, pregando um evangelho de “vida vitoriosa” e outro que prega que a nossa vitória é Cristo, e que apesar de carentes de bênçãos nessa terra, a maior riqueza é o conforto de ter Jesus no coração para superar qualquer dificuldade no poder de Seu amor. Não tenho nada contra a prosperidade do Cristão (se ela não se tornar o Senhor da vida dele, é claro! - Mt 6:24 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas). Sou contra a chamada “teologia” que está por traz da confissão positiva (as boas novas da prosperidade). Seus rastros são clássicos. Arrastam multidões que querem se agarrar a uma esperança para calar o desespero da sua alma e encontram um descanso temporário no evangelho da riqueza. Mas com o tempo, depois de exigir, determinar, decretar, profetizar (?) e as bênçãos não surgirem como previsto, essas pessoas não conseguem mais acreditar em Deus, ou tem por ele um descrédito imenso. No lugar de tudo isso, a Palavra do Senhor oferece um descanso verdadeiro, sobre o evangelho verdadeiro de Jesus. De pessoas que querem prosperar sim, mas que tem como fim máximo do seu coração prosperar sua alma em santidade e retidão para com Deus. O verdadeiro evangelho oferece Paz no meio da tribulação, coisa que dinheiro algum pode comprar. Chega de barganhar com Deus, de fazê-lo de empregadinho. Voltemos ao evangelho puro e simples!

[1] Texto “Hananias, o mago da prosperidade”. Site Revista Ultimato

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