Uma música bem conhecida do Fruto Sagrado com o PG (O Novo
Mandamento) começa com a seguinte letra: “Não entendo porque de tanta
denominação”. E este presente post vai explicar pra vocês que não entenderam um
(talvez o principal) motivo de “tanto nome de igreja”.
Para entendermos esse motivo, devemos entender o que vamos
chamar de Doutrinas Inegociáveis da Fé, e de Doutrinas Negociáveis. Talvez os
termos não sejam os mais precisos, mas não quero quebrar a cabeça com nomes,
contando que vocês entendam o significado do que vem a ser cada um.
Por Doutrinas Inegociáveis da Fé (DIF) entendemos como
aquelas doutrinas que são essências, que se retiradas comprometem totalmente a
fé. Lembrando um pouco Aristóteles e sua explicação sobre elementos essenciais do
ente e elementos acidentais, temos como elementos essenciais aqueles que se
retirados desconfiguram o ser. Como exemplo, temos o triângulo, e um dos
elementos essenciais é que ele tem três lados. Se retirarmos essa
característica dele, ele não será mais um triângulo. Com as DIF acontece a
mesma coisa. Se retiradas as doutrinas essenciais, não falamos mais em
cristianismo, mas em qualquer outra coisa, e bem sabemos que “qualquer outra
coisa” não é uma fé salvadora. Como exemplos de uma fé salvadora, viva, temos
como elementos essenciais a encarnação de Jesus, a deidade de Cristo
(totalmente homem, totalmente Deus) na encarnação, a ressurreição de Jesus, a
triunidade de Deus, a onipotência de Deus, a revelação de Deus nas escrituras,
entre outros. O que quero que percebam é que se retirarmos alguns desses
elementos, não temos mais Cristianismo.
Por outro lado, temos as Doutrinas Negociáveis (DN). Por
negociáveis não entendam como mercancia de doutrina! Nem que não exista uma
verdade sobre elas. Mas que se posicionar de forma equivocada sobre elas não desconfigura
o Cristianismo. Para facilitar a compreensão, vamos voltar a Aristóteles. Já
falamos dos elementos essenciais. Vamos agora aos elementos acidentais do ente.
Um triângulo, desde que tenha três lados, a soma dos ângulos internos seja 180º,
pode ainda sim ser diferente de outro triângulo quanto a cor das linhas, ao
tamanho dos lados, se é isósceles etc. Enfim, essas características que não
desfiguram o ente, mas diferencia o ente de outro com as mesmas características
essenciais, são os elementos acidentais.
No cristianismo encontramos muitos desses elementos em particulares
entendimentos, mas que não comprometem a fé da pessoa. Como exemplo tem o
batismo. Alguns acham que é por aspersão, outros por imersão. Entretanto, essa
convicção não compromete que os dois concordam com o sacramento e seu
significado.
Respondendo à dúvida levantada pela música temos uma
explicação racional. Acontece que a divergência nos elementos acidentais acaba
por gerar essa “divisão” de entendimento. E essa divisão acaba por gerar grupos
que querem sinceramente servir ao Senhor, cada um segundo seu entendimento. Daí
um possível e razoável motivo pra muitas denominações.
É preciso, entretanto, fazer algumas ressalvas quanto a essa
conclusão. I) nem toda “denominação” é de fato uma denominação, por falharem em
pontos essenciais. Esse entendimento facilita muito compreender o que é uma
seita. É uma pretensa denominação que falha nas DIF, e, portanto não pertence
ao corpo de Cristo. II) a divisão deve ser apenas quanto ao modo de servir, não
podendo criar divisão no corpo, a ponto de um Batista não considerar um
Presbiteriano um irmão. Devem se considerar, mutuamente, como irmãos em Cristo.
III) as DN ainda sim são doutrinas bíblicas, e por isso merecem atenção,
debates e busca pela verdade. O que não
pode acontecer é deixar essas divergências doutrinárias gerarem brigas,
inimizades. IV) e talvez mais importante, é que essa divisão deve desaparecer
cada vez mais nos corações dos irmãos que compreendem verdades sobre as DN.
Devem ser minimizadas. Cabe a todos nós lutarmos pela unidade no corpo, e
estudar, debater e difundir a verdade sobre tais doutrinas negociáveis é dever
de todos nós que amamos o Senhor e seu reino.