quinta-feira, 22 de abril de 2010

Alto Preço

 Certa feita ao sair com amigos para comemorar o aniversário de um deles, fomos a um lugar com um preço consideravelmente salgado. Enquanto analisava o cardápio (ou menu, sei lá qual a diferença, se é que existe) o susto foi tamanho que desconfiei ser cobrado apenas pela "consulta". Eu e mais um amigo, "quebrados", tentamos conciliar algo menos caro com algo que fosse bom e comestível (pois esses lugares caros sempre tem aquele tanto de nome de comida tão esquisito quanto a aparência e o gosto). No caso era uma churrascaria e os nomes nem eram tão estranhos, menos pra mim que não entendo nada de carne. Enfim, sou ainda estudante bancado pela minha mãe (pelo menos até o mês que vem), e pra mim muita coisa, que pra você talvez seja barato, é caro. Paguei com o resto do dinheiro que eu tinha, mas valeu muito a pena pois foi uma ótima noite entre chegados.
 Existiu, outrora, um preço altíssimo a ser pago e que perdurou por muito tempo sem que ninguém pudesse pagar. Falo do preço para salvar um pecador. Muito clichê não é mesmo? Então vamos analisar o que isso significa...
  Um dia de madrugada, assistindo TV para saciar minha insônia, um cara do filme fez uma pergunta curiosa e que por quase dois dias me deixou grilado. Ele disse mais ou menos assim: "se Deus existe, ele não é justo e se ele é justo não é onipotente e portanto não é Deus. Isso porque se existe o mal e a injustiça e Deus sendo justo e onipotente não poderia aceitar tal." E então? Parece complicado responder isso, não? Para responder vamos primeiro entender o conceito de graça especial e graça comum.
 A graça especial é a graça salvífica, aquela que livra o pecador da condenação eterna. A graça comum é a graça , favor imerecido, que abrange toda a criação e é a razão de Deus não nos consumir agora pelos nossos pecados. Faço aqui uma observação quanto a pecado e mal. Nem todo mal é pecado, pois existe o mal que não é pecado, como a gripe, que é um mal mas não é pecado. Digo isso para fazer um link entre a pergunta do fulaninho do filme e a graça e a justiça de Deus. Mas antes, mais uma pequena observação e depois, enfim, a resposta (quase que deduzida).
 Deus é justo e bom, e como tal não pode suportar a injustiça e o mal (este enquanto pecado). O pecado corrompeu não só a humanidade, mas também, por exemplo, o cosmos. Deus precisa punir o pecado, caso contrário ele será injusto e/ou impotente.
 Por fim a resposta. Deus tem um plano para punir eternamente o pecado e as coisas corrompidas por ele. Até mesmo novos céus e nova terra serão realidade já que essa e o que existe estão corrompidos e serão destruídos. No entanto Ele não derrama do vinho de sua ira contra todos os pecadores e o mal que eles causam, devido à graça comum. O sofrimento que os filhos da perdição causam e sofrem nessa vida não hão de se comparar à segunda morte, onde o sofrimento é eterno e a dor também. Onde as feridas não cicatrizam e a podridão persiste por todo o sempre. Uma prova bíblica que Deus tem o tempo de punir o mal (uma das inúmeras) é a percebida no evangelho de Jesus segundo João Marcos. Os demônios temiam o julgamento antes do tempo (estes demônio, no caso, já condenados; mas vigora o exemplo apenas para provar a vindoura punição do pecado; afinal demônios são anjos que pecaram). Outro clássico exemplo é o fim eterno de Satanás  e dos que só fizeram o que ele fazia (roubaram, se prostituíram, mataram, mentir) sem se arrependerem, dos inimigos de Deus (ainda que não declaradamente, mas que não o procuraram em vida). A graça comum protela a execução da punição divina, mas não a revoga. E o que isso tem a ver com o churrasco e com o alto preço citados no primeiro e segundo parágrafo dessa postagem, respectivamente?
 Tudo isso que foi exposto se liga no ministério e na pessoa de Cristo Jesus. Como eu disse, o pecado precisa ser punido e portanto Deus não poderia salvar alguém que pecasse, pois o salário do pecado é a morte, morte eterna. Porém a graça especial tem validade uma vez que Jesus Cristo foi, como cordeiro puro e perfeito, punido da maneira que deveria ser. O derramamento de sangue (sangue que representa a vida, portanto o pagamento continua sendo a punição do pecado com a morte) substituiu a morte dos filhos de Deus (que a propósito não são todos - conferir João 1:12). Por isso (punição do pecado) Deus se agradou em moê-lo, fazendo-o enfermar (Isaías 53-10), pois assim seria Justo livrar os filhos da condenação do pecado, sem que estes sejam punidos como devidamente deveriam. O preço pelo pecado foi pago.
 A morte de Jesus foi suficiente para salvar toda a humanidade, mas eficiente apenas nos que compreendem e acreditam de forma inteligente na pessoa e obra do Messias, que pagou, com satisfação, o alto preço, que JAMAIS PODERÍAMOS PAGAR.

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